quarta-feira, 28 de abril de 2010

São Paulo Escola de Sol

Na SP Escola de Teatro o Sol é mesmo um festejo, todo dia ele jura arrebentar o vão do pátio, é tão bonito e triste, lembro dele, do meu mestre... Lembro que ali de terça a sábado o Brasil acontece artisticamente. É bonito ser triste na felicidade dali. Eu só penso em forma de clichê, aquele lugar tem uma atmosfera educativa e futurista, nem sei bem, mas as crianças que por ali andam, encantam. Os jovens vão para lá e querem voltar para lá, sinto que tudo se cruza por ali, sinto que aquele prédio tem algo de atemporal e imortal, acho que daremos o que falar.

Fala comigo doce como a chuva

Olhei para o blog e o blog olhou para mim, me veio essa peçinha do Tennessee Williams na cabeça, um autor tão jovem, tão vivo, tão quente... E ao mesmo tempo tão perdido. Sempre percebo nesse autor, aquela infinita noite de verão que move os jovens, aquele tesão que não se consuma jamais, isso é lindo, escrever uma idade é o auge... Escrever uma geração. A minha geração tem muito disso, mas tem muito disso parada na frente do computador não sei se digo isso com felicidade ou tristeza, mas sou mais feliz fazendo meu teatro do que vivendo minha vidinha adolescente nesse século que tá acabando com todos os outros séculos passados, eu vivo um fim.

domingo, 25 de abril de 2010

Eternamente

Meus cachorros, Pacheco e Marieta um casal de Boxers. Pra sempre eles serão únicos, sempre aqui, cravados no quintal com amor incondicional, posso sair sofrer um universo inteiro, posso sair e ser feliz uma noite inteira que nada vai mudar isso, sempre os dois na casinha, lambendo um ao outro...Querendo brincar. Isso me acalanta sempre, saber que ao menos eles tem essa paz de espírito, essa vida feliz, o homem quer mesmo é ser Pacheco. É um ponto imutável de amor, sempre falo que meu cachorro é o melhor ser que existe, a Marieta nem tanto ela é meio interesseira. Sempre que defino felicidade acabo falando neles, felicidade é ser Pacheco e Marieta, nus em uma casa de madeira.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Do meu primeiro romance

O carro encantava a cidade, brilhoso, grande e com porte de clássico. Quando escoou na rua da desamparada Sarah foi como se o sol das 17:00 volta-se a ser o do meio dia, a rua iluminou-se de novo, desceu Carlinhos num meio terno, camisa e calça, Carlinhos chegou no portão cheio de si, ficou ali esperando. Esperando e esperando. Viu algum movimento mas não lhe abriram a porta. Carlinhos impaciente... Não entendeu, impaciente já. Procurou uma campainha mais escondida, procurou de novo, não sabia o que fazer... Lembrou-se e por fim: Bateu palmas.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Um dia estranho

Hoje, especialmente nesse minuto... Senti uma angústia, uma saudade do palco, e não sei com quem falar nem a quem recorrer, pior que não sei nem a quem culpar. Senti só uma agonia, uma saudade do cheiro daquele teatro um frio que só a luz daquele refletor pode afastar... Não sei, não sei mesmo. Vontade daquele tecido no corpo, ensaiar na borracha da sala de ensaios, repassar a partitura... Quero me apaixonar por outro processo, quero mesmo. Estou muito contente com um trabalho...Mas estou dirigindo e minha saudade é de atuar! Não quero atuar em lugares alternativos... Eu quero um palco, de madeira, com luz quente, com platéia alta... Com um texto fantástico, com dificuldades mil, acho que eu só quero sofrer de amor pelo teatro...Só isso mesmo. Amanhã faço aniversário e tenho certeza de que vou so pensar nisso, só pensar em como não posso ser feliz longe do teatro, estranho isso... Não estou longe do teatro, ando estudando como sempre, trabalhando num projeto sério... Mas falta alguma coisa, falta madeira e luz, de alguma forma ao terminar de escrever me bate uma frase "Não existe ator satisfeito" pois é, não estou sozinho.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Tranquei a porta.

Todos os dias eu digo "Mãe, não bate o portão" e todos os dias ela bate o portão. Hoje o som do portão me transformou, engasguei, minha respiração ficou viciada no curto, tranquei a porta, coloquei o trinco por dentro, não vou abrir. Hoje serão trinta minutos, e vou continuar avisando "Mãe, não bate a porta" e se ela bater de novo? Serão 60 minutos. Enquanto escrevia ela chegou e meu irmão abriu, agora estou confuso... Se ela bater de novo devo cobrar os 30 que ela não cumpriu ou os 60 da reincidência?

terça-feira, 20 de abril de 2010

Os ventos do norte

Um artista só precisa de fonte, coisas para ler ouvir ver e querer ser, ando com uma enorme boca, debatendo, perguntando, propondo. Ontem tive uma conversa com o ator da minha peça, sensacional! Concluímos que dentro de cada um de nós existe o resto do mundo, todo mundo já sentiu tudo e o que não sentiu na pele, pode imaginar ou já causou em alguém, por fim "a personagem" não existe, não deve ser criada, jamais deve ser maior que você, não procure uma verdade na forma, procure a personagem em você, em alguma parte de você... Você já foi de Doente Imaginário a Bernarda Alba sem nem perceber e um recurso da arte (do real artista) é recriar um espírito distante da sua personalidade, através de você e resultando de você... Ainda que eu assine agora a minha ida pro inferno preciso dizer: Ser artista é ser um Deus.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Legião de pensamentos

Retomei minha vida. Agora eu falo penso e escrevo sem peso nenhum. Estou escrevendo meu primeiro romance, ensaiando minha primeira peça e fazendo a minha primeira direção em teatro. Além de várias outras primeiras coisas, primeiro video em Stop Motion, primeiras cantadas baratas, primeiras saudades de amigos novos, primeiras coragens nos meus dias. Me abarrotando de ler Tarantinno, marcando mil compromissos e faltando em alguns, parei de me guardar. O carnaval chegou. O blog anda parado porque eu ando movimentado, não que eu não tenha tempo de escrever, tenho ainda, e muito. O problema ficou no "o que " escrever, não sei se ainda sou interessante em palavras, venho me achando mais interessante em jeitos, conversas e ideologias novas, Nelson Rodrigues me mudou mais um pouco,Tarantinno me deu um tapa e gritou " OLHA O MEU CINEMA" e eu olhei, é lindo. Bastardos, Kill Bill, Cães de Aluguel, O Casamento, Beijo no Asfalto, A vida como ela é, Plínio Marcos,João Gilberto, Tim Maia, citações, peças e mais peças. Quero filmar um curta metragem.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sorriso

Finalmente ! Finalmente fui aprovado em um curso da SP Escola de Teatro. Li meu nome passei um medo quanto as datas de inscrição mas terminei respirando através do sorriso. Feliz. Direção Segundo o cineasta Robert Bresson. As vezes é uma delicia ser eu.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Hamlet's

Todo herói que se vê para morrer, no fundo deseja o fim, ali mesmo, subjugado aceitando o fim e esperando a paz. Não existe herói pleno e contente. Não existe herói que aceita seus atos. No fundo penso que todos os seres desejam a morte, mas temem a dor, não morremos diariamente por falta de anestesia.

sábado, 3 de abril de 2010

O neto forasteiro.

Com meu irmão mais velho, escondido no último banco do ônibus que arromba a escuridão, eu equilibro meu livro na luz amarelada e quente. Percebo o quanto somos pequenos diante do mundo, fico com dó de ser só uma pessoa. Dó do meu tamanho. Dó de pesar só 70 quilos num mundo tão enorme e escuro. Penso nas pessoas que devem morar ali pelo lado da estrada, imagino suas vidas, imagino que devem sempre querer seguir embora com os carros que passam rentes aos seus quintais. Leio " O Casamento" de Nelson Rodrigues, penso nas mulheres, se as mulheres dali haverão de ser como as que conheço. Chego à casa da minha avó e descubro que mesmo sendo minha avó e mãe da minha mãe ela também é uma Mulher. Fazendo receitas pra emagrecer. Me sinto o forasteiro na casa da avó evangélica. O forasteiro na rua interiorana asfaltada a pouco tempo. Penso numa conta absurda. Quantas vezes um livro rodriguiano visitou este lugar? Tenho idéia para um novo conto, ou monólogo. Não escrevo pois me falta um teclado, ok, eu anoto a idéia e fico sorrindo amarelo com cara de " vocês não sabem o que eu pensei" me sinto misterioso e arrogante usando uma camisa pólo no lugar onde as pessoas acreditam que o pastor da igreja é alguém superior.