sábado, 3 de abril de 2010
O neto forasteiro.
Com meu irmão mais velho, escondido no último banco do ônibus que arromba a escuridão, eu equilibro meu livro na luz amarelada e quente. Percebo o quanto somos pequenos diante do mundo, fico com dó de ser só uma pessoa. Dó do meu tamanho. Dó de pesar só 70 quilos num mundo tão enorme e escuro. Penso nas pessoas que devem morar ali pelo lado da estrada, imagino suas vidas, imagino que devem sempre querer seguir embora com os carros que passam rentes aos seus quintais. Leio " O Casamento" de Nelson Rodrigues, penso nas mulheres, se as mulheres dali haverão de ser como as que conheço. Chego à casa da minha avó e descubro que mesmo sendo minha avó e mãe da minha mãe ela também é uma Mulher. Fazendo receitas pra emagrecer. Me sinto o forasteiro na casa da avó evangélica. O forasteiro na rua interiorana asfaltada a pouco tempo. Penso numa conta absurda. Quantas vezes um livro rodriguiano visitou este lugar? Tenho idéia para um novo conto, ou monólogo. Não escrevo pois me falta um teclado, ok, eu anoto a idéia e fico sorrindo amarelo com cara de " vocês não sabem o que eu pensei" me sinto misterioso e arrogante usando uma camisa pólo no lugar onde as pessoas acreditam que o pastor da igreja é alguém superior.
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E quantas camisas polos passaram por ali? Tenso...
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