domingo, 20 de dezembro de 2009

E eu que nem vi ...

Chegar o natal, eu que nem vi terminar o ano, eu que ando meio cambaleando pelo tempo, parei para pensar. Posso dizer que foi um ano importante na minha vida, não um ano feliz ou triste, longe dessas coisas, só foi "importante". De fato escolhi minha profissão, abri mão da minha felicidade pela de outra pessoa, conversei muito sozinho, passei a amar mais meus cachorros, fortaleci amizades, rompi um namoro, enfim! Cometi todas essas coisas que nos fazem perceber que não somos especiais, apesar de cada pessoa protagonizar a própria vida isso não significa final feliz para todos, somos todos Hamlets, protagonista levados por fatos, dúvidas e precipitações. Foi importante eu ter me perguntado "ser ou não ser" várias vezes durante esse ano, percebi que sou o que sou e prontoacabou*. Hoje sei que sou um jovem rapaz que acredita em arte, e acredita muito, um cara que tem uns 8 ou 10 melhores amigos e as vezes não tem problemas em dizer " eu te amo "... E as vezes tem problemas em dizer " oi " com um beijo no rosto. Minhas relações familiares tornaram-se complexas, nada mais consiste em esperar o papai chegar em casa ou a mamãe fazer o jantar. Agora as coisas mudaram, faço minha parte, sou filho e futuro da minha casa, futuro e problema corriqueiro no assunto "emprego normal". Encontrei ideais impossíveis e metas impalpaveis, criei amigos eternos e rancores inesquecíveis, talvez tudo isso faça parte de uma grande coisa, ou de um pequeno 2009. Sorri muito, muito mesmo, mas não gargalhei até chorar, e nem chorei, nenhuma vez. Um ano sem choro mas com tristezas e alegrias marcantes e fascinantes, 18 anos, 85 kgs e uma profissão.

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Descobri que dentro de mim existe uma felicidade simples de se preencher, uma dedicação que me guia de forma engraçada, não crio obrigações ou coisas assim, eu só faço e fico satisfeito de ter feito, aprendi que sei diferenciar meus pensamentos mal humorados das situações reais, quando fico deprimido tenho a calma de esperar passar e aí sim analisar alguma coisa, na verdade descobri que sou mais cinza que certo amigo cinza. Não mais, mas estamos na briga. Acho que no fim de tudo eu percebi que

All you need is love

All you need is love

All you need is love, love

Love is all you need

De uma mulher ou próprio… Ou mesmo pela sua arte. Se possível a trindade.

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Feliz 2010 para o mundo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

The Warriors-


Um filme oitentista do começo ao fim... Oitentista mesmo! Fiel à todas as nuances da época, digno e moderno. Daqueles que você vê para rir e termina encantado com a época, com as inclinações da direção e com os figurinos futuristas-manjados. Uma tarde bastante calma. Foi essa tarde que meu irmão resolveu assistir essa "classiqueira" das boas... Começou e lembrei de "Laranja Mecânica"... Lá pelo meio eu já via algo de “De volta para o futuro” e no fim eu vi The Warriors, um filme autentico carregado de imagens e sentimentos jovens, todo jovem anda por aí procurando “aventuras” com o pretexto de “voltar para a casa", realmente tem um diálogo (mínimo), porém arrebatador... Fiquei encantado com as atuações precisas, quase minimalistas, contrastando com os cenários poluídos e a visão um pouco estereotipada e forçada da sociedade da época ( eu disse "um pouco"? ). Na verdade o filme vislumbra o futuro daquilo tudo que acontecia, o futuro que poderia ser o hoje se nada tivesse mudado, e mudou? Um grande trabalho de cinema... Uma bela direção e uma linguagem eternamente jovem. Um clássico com categoria. Lembrou-me muito " A Caçada Humana " ( com Marlon Brando) uma visão distorcida e doentia do futuro, quase sintomatica no cinema inteligente que vez ou outra se arrisca à previsões.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Aconteceu com força

O teatro aconteceu, uma turma jovem e para o futuro, com uma diretora viva e destinada a fazer esse processo dar certo... Foi tudo que senti todas as esperanças e idéias condensadas nesse trabalho, a estréia foi linda, o segundo dia ficou devendo, mas o terceiro teve uma adrenalina que jorrou para o público, uma das poucas vezes que vi uma platéia tão entregue, tão mole na mão e na boca dos atores, o tempo ficou sólido com a energia desse Molière, brincamos desenvolvemos e retalhamos o tempo, pausas e olhares, gestos e tonos, tudo correu da melhor forma que poderia. Algumas propostas novas deram super certo e outras antigas morreram na praia, o público julgou e condenou, mas os atores (todos eles) foram absolvidos e gratificados por Dionísio ( ou pela nossa mestra Sandra Corveloni)

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E ficarei um bom tempo voltando neste assunto “Na Companhia de Moliére” foi um marco na minha vida... E na minha arte. Não só na minha.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O Deficiente. Breve.

No metrô vejo um homem com o rosto deformado, em segundos olhei bem para ele, mas de forma discreta, vi que ele segurava uma criança pela mão... Vejo o cabelo loirinho da menina e rápido eu olho, para ver se ela também tem o rosto do sujeito, não tinha, ela era muito fofa.

Fiquei pensando nisso... Na volta pra casa, fiquei pensando nisso, em como somos cruéis procurando sempre os defeitos dos outros, em como gostamos de ver a desgraça e como procuramos por ela em quase tudo... Esses humanos!

sábado, 5 de dezembro de 2009

O Artista que me respeitou.

Foi ele quem me deu as primeiras aulas de teatro da vida... Ele que um dia me disse "Gostei, mas ta uma merda" e sem falsa modéstia foi ele o primeiro professor que eu sei que agradei. Sempre fui dedicado nas aulas dele, sempre lutei para satisfazê-lo, hoje sei que errei, mas acabou que fiquei para sempre com esse grande artista como um herói do teatro... Como uma presença passageira, mas que sempre se faz notar nas minhas impressões e reflexões. Hoje o encontrei, sempre o encontro, mas poucas vezes falamos mais que o "oi" ou o aceno de cabeça. Hoje resolvi lhe falar alguns projetos futuros, olhou-me como costumava olhar-me naquelas primeiras aulas, um olhar que me agradava e que me agradou, um olhar de quem via o futuro e de quem vê vontade. Concordou com quase tudo que eu disse, achou mesmo que eu deveria ver outros caminhos e experimentar tudo (ou quase tudo). Deu um sorriso de lado como quem diz "Até que enfim você entendeu hein?" ainda que seja uma ilusão ou menos prepotência minha, senti que ele esperava isso de mim, senti que ele esperava algo do aluno que ele foi sensível e duro ao mesmo tempo. E terminou que senti que eu não falava mais com um eterno professor, mas com um colega de profissão. Um artista mais antigo.

Eu sei que uma dor assim pungente...

"Eu sei, eu sei! Que uma dor assim pungente, não há de ser inutilmente... "

O teatro (amador?) é algo que realmente envolve algo que não queríamos envolver... Envolve um pouco de racionalidade e outro pouco de (medo?) aprovação. Sei que quero um bom espetáculo um bom conjunto e um reconhecimento no palco, do trabalho da Sandra e de todos nós. Sei que quero tudo isso, mas agora que estamos perto de, de fato ouvir palmas ou palmas ( menos efusivas) sinto que nada ficou pelo caminho e tudo tem que culminar agora, ou na nossa eterna satisfação ou no nosso eterno arrependimento. Tenho plena noção que esse momento nunca mais voltará, mas tenho medo de ficar procurando essa sensação de estréia para sempre. Na verdade eu falo de medo, mas acho que o real sentimento é o de sair das asas da diretora... Dar a cara pro público e dizer "eu pensei isso" e "eu propus isso" dar a cara pra nossas famílias e grifar em baixo "ATOR"

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Para ler quando desanimar...

A vida é boa quando vivida com calma e sem previsão...