quinta-feira, 31 de março de 2011

Um pato descarado bicando um pneu

O mau humor é frágil, basta um olhar castanho e o cheiro da vida pra desarmar o “mau” alguma coisa...

quarta-feira, 30 de março de 2011

Eu desconfio da luz,nem acredito nas coisas claras e opacas, minha crença ficou pras sombras,no que talvez não exista, nos lugares onde a luz ficou tímida e a escuridão tomou coragem.Um trovão é mentiroso.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Os leões atormentados por pulgas, carrapatos e bombas atômicas. Putaria na floresta.

domingo, 20 de março de 2011

ou O Vivedor.


Olhando para um pássaro.


Onde é enlatado eu sou pergunta, porque se enlata as coisas, porque se abandona as coisas? Onde estão os amigos-diários do colégio? Qual a engrenagem do relógio do mundo, que é igual à engrenagem desses nossos relógios de parede? Não há qualquer relação entre ambos, por isso sentimos falta, nosso tempo é outro, é o tempo da saudade e da melancolia. Corremos para as desgraças como suicidas ansiosos, perdemos mais tempo enlatando ou abrindo as coisas? Mais tempo com fome ou comendo?

O pássaro levanta vôo.

Com os pássaros deslizando na liberdade eu volto a me sentir enlatado nos meus próprios pés. Não tenho motivo, sou meio por acaso nesse meio sem querer... Tou aqui seguindo pássaros pra ver se encontro uma alma irmã, uma fé, uma torta de amoras largada na janela, percebo que as tortas de amora moram nos filmes, e eu moro na vida.

Nada é natural, como se agora as árvores pudessem disparar laranjas, como se as maçãs, numa rebelião de maçãs, pudessem nascer todas com as minhoquinhas purulentas que a gente só vê nos gibis.

Não existem pais, nem mães, nem paz. Tou vendo que no mundo a gente só fala discussão e grita concordância, tudo é discussão, tudo é convencimento, negócio, vontade-contra-vontade. Gripados tomando suco de laranja, anêmicos comendo fígado, só sabemos agir no depois da existência, depois do fodido. Depois do “fodeu!”.
Como são gentis as estrelas que morrem. De ciclo em ciclo eu me esvazio em mim, um eu que já concorda com o frio, com as guerras e com a menstruação das virgens. Já fiquei bêbado entre montes e montanhas, que graça tem um bêbado sacaneando paredões rochosos no meio da areia avermelhada que só brilha porque já morreu?
Tou encarando flores pra ver se eu viro abelha, viver numa colméia de amigos e nunca mais perceber a solidão.

Olhei chorando pras minhas mãos, se pudesse olharia chorando pros meus olhos, queria me dar o maior abraço do mundo, queria que o mundo fosse maior pra que o meu abraço em mim; fosse maior ainda.

quinta-feira, 17 de março de 2011

03:15 , enjoado de sorvete e tomando Tubaína.

,pra mim a profundidade das relações esta no número de palavras diferentes que ja usamos com as pessoas, tipo 200 mil palavras diferentes com um amigo, 232 mil palavras com uma amiga, 583 mil com um primo... Um dia reparei que eu tinha uma namoradinha que nunca tinha me escutado falar "pia", sem motivo algum, só reparei que nossa relação era tão absurdamente raza que ela nunca ouvira um "pia" da minha boca, muito menos eu um "constituição" da boca dela.

A profundidade esta no que dizemos ou no que não dizemos?
Por muito tempo, lá pelos 14, 15, gostei de uma menina, nunca trocamos muitas palavras, mas ela me parecia intensa, mesmo sem que disessemos "pia" ou "constituição", acho que não é assim sempre, mas as vezes, só as vezes, as palavras são coadjuvantes.

03:15, foi essa a hora que a Sarah Kane imaginou pros depressivos? Se foi é uma puta bobagem, essa é só a hora entre o dia e o desespero para dormir, por enquanto ainda acredito que tenho chances, mas lá pras 04:48 eu vou entrar num desespero do descanso... Desespero que a gente chama de insônia. Uma insônia que me faz ler Clarice... , ...

Hoje a menina dos 14,15 passou por mim, me deu um beijo esbarrado na cara e correu pro trabalho, esbarrou em mim como uma vez um pombo quase esbarrou, como o Sol esbarra todo dia...


Só de passagem, enquanto eu vou pra algum lugar.

Sim, começou com vírgula e termina com três pontos

...

A solidão da autoridade.

A autoridade se coloca ao lado dos reflexos da arrogância, o que você estabelece como lei, regra, sugestão-obrigatória, por via de regra precisa acontecer. Se de outra forma nada acontece ou tudo acontece? Queremos que isso aconteça de forma pensada ou de forma acidental? Até onde é bom seguir desejos? Quando é bom delimitar o espaço das discussões?

Argumentos não lhe repelem, olhos vermelhos não o esmorecem. O estado de autoridade blinda todos os sentidos humanos e o CERTO escrevesse na sua frente em letras grandes e insensíveis: CERTO. O caminho da lógica, racional, correta e brutal.

A brutalidade do estar certo. Como num livro de leis, estão todas escritas, o livro é mais autoritário que o homem, o homem pode sibilar na voz, desviar o olhar, ja o livro é aquilo TINTA NO PAPEL E TINTA NO PAPEL. A força da certeza.

Seria um bom homem aquele que toma decisões e se deixa convencer, ou aquele que toma decisões, e que por algum meio racional, prático e lógico obtém a confirmação do caminho e não se preocupa em convencer ninguém, expõe os fatos e espera que as pessoas aceitem.

Não coloco em cheque a verdade. Às vezes ela acontece.

Nesse caso a autoridade tinha razão e o fato era claro, mesmo assim me senti um tiro na boca duma criança.


Como escolher uma vida repleta dessas decisões e dessas conversas? Como desejar uma posição bélica como essa, quando o que mais se quer é sentar com os amigos, criar, conversar e tomar danone depois de um ensaio cheio de sorrisos?


É a autoridade que precisa dizer tirar a chupeta?
Escondemos a fralda ou esperamos que o bebê cague em tudo, até perceber que aquilo não é bom?

Dou o peito pras flechas ou explico que as flechas doem? Inteligência é presumir que todos sabem que isso pode matar ou convencer por “a+b” que as coisas às vezes SÃO ASSIM SIM?


Possíveis profissões
: Comerciante, técnico de futebol, empresário, pai ou diretor de teatro.

quarta-feira, 16 de março de 2011

De uma quase peça

Nada é natural, como se agora as árvores pudessem disparar laranjas, como se as maçãs, numa rebelião de maçãs, pudessem nascer todas com minhoquinhas purulentas que a gente só vê nos gibis. Não existem pais, nem mães, nem paz. Tou vendo que no mundo a gente só fala discussão e grita concordância, tudo é discussão, tudo é convencimento, negócio, vontade-contra-vontade. Gripados tomando suco de laranja, anêmicos comendo fígado, só sabemos agir no depois, depois da existência, depois do fodido. Depois do “fodeu!”.


... Tou aqui seguindo pássaros pra ver se encontro uma alma irmã, uma fé, uma torta de amoras largada na janela, percebo que as tortas de amora moram nos filmes, e eu moro na vida.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Uma frase absoluta e um pensamento azul

Ela diz : Eu quero um namorado.


Eu penso: Um boxer na frente de outro boxer. Será que ele sabe que eles pertencem a mesma raça? Ou será que ele só sabe que aquele é outro cão? O cão reconhece sua própria raça? Ou somente sua própria espécie?

sábado, 12 de março de 2011

Funk funcional

O mundo cospe em cima do Funk (esse mesmo, que fala de sexo e grana )

O que move o mundo é o sexo e o poder... As pessoas saem chocadas quando escutam os seus desejos cantados, assim como saem chocadas de uma peça sobre o Marquês de Sade, ou será que só os taradões saem chocados?

Ou será que só os taradões não aceitam o funk, que canta verdades, na nossa sociedade onde gozar é feio e comprar a felicidade é pecado?

Seria melhor um lugar onde a MPB é lei ? Onde ninguém pensa em sexo onde “O céu é azul o Sol amarelo e as mulheres belas...” E seria melhor também um cinema que só passasse "Encontro Explosivo 3", ninguém sairia chocado né?

O Funk é a voz contemporânea que mais me instiga a pensar o mundo, eu vou matar você, você é minha cadela e eu quero grana pra comprar uns carrões, tudo isso unido por uma melodia que qualquer criança aprende, um som que fica na cabeça por algum motivo alheio ao nosso gosto... A verdade não ta no Corcovado iluminado pelo Sol, ta na favela que vive na sombra do tal Corcovado... E que quando faz Sol, vai vender sorvete na praia.

Surra de Bunda
As Tequileiras do Funk

Que safado, tá gostando!
Tá achando muito bom...
Vendo bunda rebolando e descendo até o chão!
Tá achando muito facil
Com a tequila, tá chapado
Deixa ele experimentar...
A nossa surra de bunda!!!




Pra quem pensa isso é um Bukowski moderno, cantando a imundice que somos e os desejos escrotos que temos. Alcoolismo, Sexo e melodia.

Quer mais ou não te parece um Brasil?
Reconheço a arte das canções bonitas, mas também reconheço o cunho social e a forma com que o funk-favela vai marcar essa época, podemos ler nosso país e nossos pobres através dessa margem, só depende da gente “marginalizar” ou “pensar” ...


Aliás, você já quis uma surra de bunda?

quinta-feira, 10 de março de 2011

Historinha Subversiva

O pobre vinha sentindo dores no estômago, o pobre foi marcar consulta, conseguiu pra dali 3 meses, o pobre continuava com as dores mas agora tinha a impressão de que fosse o que fosse, e era alguma coisa, não esperaria 3 meses por uma consulta. Eis que veio o carnaval e com o carnaval uma longa viagem de ônibus até o Paraná, nada de festa, foi visitar parentes. Por todo o caminho veio o pobre pensando e sentindo a tal dorzinha.

O ônibus bateu num scort vermelho que invadiu a pista, o motorista do scort morreu.
O ônibus ficou abalado, porém sem feridos, todos zonzos, alguns nervosos e outros pasmos. A empresa tratou todos como reis, ta com dor? Onde? Ta doendo? Bateu a cabeça?

O pobre teve a idéia:

- O senhor bateu a cabeça?

- Não. Mas tou com uma dor no estômago...

GENTE! Atende esse homem aqui! Ele ta com dor! Foi atendido em 27 minutos, check-up geral, isso, aquilo, aquilo outro!

Por fim uma simples gastrite e segue viagem por conta da companhia, 80 reais da passagem + check-up + uns bolinhos que comeu no hospital.

E no final o pobre sentiu-se desonesto, não era da índole dele mentir. Mas também não era da índole da companhia ser humanitária, como também não era da índole do hospital atender aos pobres... Como também não era da índole, do motorista do scort, dirigir bêbado.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Desajuste social a partir do relógi(c)o de ponteiro

Eu canso de não aprender coisas bobas, devo ter passado metade da vida parafusando pregos pro lado errado, aliás, qual o certo mesmo? Já desencanei de aprender os "porques" e quanto aos relógios analógicos eu quero paz. Paz de relógios analógicos. Sempre ligo a chave geral do teatro, invariavelmente me vejo ligando a chave já ligada. Passar antivírus pra mim é uma questão de Q.I e o meu não me permite isso. Isso sem contar as confusões que faço com a esquerda e com a tal da direita que vive sempre mudando de lado. Ainda hoje não entendo como consigo digitar tão rápido, olhando parece impossível acertar as pequeninas teclas sem esbarrar nas do lado ou sem simplesmente trocar as letras, é tudo muito complexo nesse setor da vida. Ainda hoje não passaria na terceira série, tenho um grave problema com a tabuada.

Meu pai fala rápido - 8X6? Não sei pai. - Tem que aprender!

Tive um professor que era psicólogo, inventei de perguntar: Cara, eu não aprendo coisas bobas, o que eu faço?

- Tenta aprender. Você tem dificuldade com o que?

- Com coisas bobas, amarrei o tênis, sozinho, pela primeira vez... Devia ter uns 12 anos.

- Hum... Tenta se concentrar, sua letra é boa?

- Torta e eu costumo mudar a forma no meio das frases, começo com letra de forma e vou pra letra de mão, as vezes mudo até a caligrafia em si, começa redondinha, depois fica mais pesada pra esquerda, um "L" mais alto que o outro, essas coisas...

- Realmente, você é ansioso. Pensa mil coisas ao mesmo tempo, por isso não assimila essas coisas banais (pra você), é normal.

- Mas o que eu faço?

- Se concentra. Gosta de quais matérias?

- Português, artes, história...

- Só coisa lúdica, que da pra viajar, viu? Matemática, física, geografia?

- Não sou bom.

- Viu? Quando a coisa é pontual, certinha, você tem dificuldades, se você não viaja na coisa você não gosta, daí não aprende.

- Entendi, preciso me concentrar então?

- É, se concentra.

sábado, 5 de março de 2011

A justiça das crianças

Outra historinha dos 12,13,14 anos. Lembro de uma briga de meninos, no geral meu irmão e eu éramos da turminha dos que não deixavam, íamos lá e separávamos as "tretas". Um pra cada lado e depois com muita diplomacia, negociações internacionais e pedidos simplórios, conseguíamos que os dois se reunissem no meio da quadra de multiesportes para um singelo aperto de mão, é o pedido máximo de desculpas nessa idade.

Mas ontem me lembrei de um dia diferente. Meu irmão é 4 anos mais velho que eu, consequentemente era mais velho que meus amigos também, e por esse motivo era também O Mais Forte. Cabia à ele e só a ele a decisão de parar uma briga, separar os brigões e julgar um culpado, somente a ele e aos seus 75 quilos.

Um dia estourou mais um a briga no playground e quando avancei para separar os dois moleques, antes de qualquer passo meu irmão decretou "Espera, deixa ele apanhar um pouco"... Ficamos todos lá, vendo o menino apanhar, o menino tinha um olhar desesperado para nós, ele queria ajuda. Depois do primeiro soco na cara meu irmão resolveu que ele já havia sido punido, sabe lá Deus por qual pecado, e então corremos lá e separamos como se fossemos os anjos da lei. Naquele dia aprendi que tem gente que merece apanhar um pouco, mas aprendi também que essa decisão não cabe a nós... Cabe a vida... Ou ao meu irmão.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Avenida molhada

Andando pela Avenida percebi as pessoas fazendo o mesmo caminho, a calçada livre e todas amontoadas pulando os vãos d'água do asfalto acidentado, reparei que na minha reta só mais um cara bem vestido. Eu pisando no molhado não entendi a agitação na raia do lado.

Então percebi, todos seguiam o caminho onde a água era “driblável”, não vi motivo lógico pra isso, as mulheres ok, salto eu entendo, mas e os homens? Onde foi parar a ideologia do tênis que não molha? Então reparei, mulheres de tênis, homens de tênis e jovens de tênis, eram todos pobres, todos com furos nas solas, driblando a água pra voltar com os pés secos pra casa ou pro trabalho.

Segui reto, expulsando a água com borracha fechada, colada e nova. A solidão do All Star novo.

Isso também não aconteceu, mas pensei que talvez pudesse acontecer, e que quem sabe, alguém pudesse... Per-ce-ber.

Um é real:

Diálogo que não foi - A: Onde você mora? B: Zona Leste. A: Não é tão longe. B: Mas é zona BEM leste. A: Ih... Foda.

Reflexão que não foi - A: Agora que tou em Itaqua, quero só ver, super longe! vou viver pelo caminho.