domingo, 21 de fevereiro de 2010

O Completo homem careca.

Noite no centro, gente jovem reunida, aleatórias discussões sobre a vida e a arte. Otimismo e pessimismo a cada 5 minutos. Estava com o clássico amigo Igor, de fato estávamos abertos à vida, não contentes, mas abertos. Conhecemos um ou outro inesquecível mas observamos um cara engraçado, ainda meio longe contracenando consigo, meio bêbado talvez? Completamente. Chegou perto me perguntou as horas e puxou assunto, pois bem, foi um dos depoimentos mais bonitos que já ouvi. O Homem chamasse "William" é de Belém, trabalhou como sorveteiro, catador de latinha e usava um terno, pois voltava da formatura da filha, tem sete filhos formados é casado e ficou espantado com os prédios de São Paulo. O homem não deixou de sorrir um instante, falou muita bobagem, mas também disse uma das coisas mais tocantes que já ouvi fora de um palco "minha vontade era estar aqui de camiseta e bermuda, eles falam que eu sou louco mas eu sou assim mesmo", pensem nisso, um homem de 50 anos com 7 filhos formados, casado, vivendo no interior de Belém, sendo obrigado a usar um terno. Por quê? Pra quê? Ele precisa disso? Não. Ele sorria por estar completo, o sorriso mais sincero, o sorriso que eu entendi como "posso morrer agora", e era isso, aquele terno não o moldava e nem mesmo o vestia, só o fazia perceber, essa bobagem toda que chamamos de "aparências", ele o sorveteiro catador de latinhas, tinha 7 filhos formados e voltava da formatura de um deles. O que mais poderia querer na vida? E eu como amante dessas coisas corriqueiras, julgo que se ele havia desistido de marcar o mundo com sua vida, falhou, ele me contou essa história e eu jamais esquecerei de contá-la para alguém que eu me importe.

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