domingo, 31 de janeiro de 2010

O que passa e fica onde devia

Antes de começar a escrever fiquei tentando lembrar o nome dele, passei por "Alexandre", "Álvaro", "Al alguma coisa", "Al Al" e por fim lembrei que chamava-se Steffano. Conheci o cara num colégio que passei uns 6 meses inesquecíveis, me senti deslocado como nunca, só eu não fumava ou era enrolado com alguma garota da sala, só eu era novato por alí, eu e ele. Claro que a aleijão de cada um serve pra isso, começamos a conversar coisas do tipo "que saco cara" e algumas risadas de desprezo quando alguém contava que “se divertiu” como se o divertimento do mundo fosse ridículo, tudo isso para tentar dizer sem palavras "eu sou um cara legal, só aqui que eu sou babaca viu?" e adiantava, ele me achava inteligente e eu o achava... Estranho. Realmente o cara tinha essa carga de protagonista americano, era alto, 1,90 mais ou menos, cabelo claro e uma tremenda cara de triste, as vezes usava uns casacos desbotados e puxava um cigarro com a naturalidade de quem suspira. Morava só com a mãe (aquela que ele atribuía alguns porres e brigas onde ele era sempre expulso de casa e era obrigado a passar uma temporada com seus amigos rebeldes sem causa). Lembrando agora acho que ele decorou cada fala de "Juventude Transviada".


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E foi assim por algum tempo, até o cara começar a ficar assustado do começo ao final das aulas, reclamava de tudo e de todos, nem me achava mais tão inteligente assim, começou a achar "O Poderoso Chefão" uma bobagem, aí deixamos de lado as conversas e nos integramos no basquete, ele era péssimo, mais fumava bem nos intervalos. Foi o meu melhor amigo naquele tempo, falava pouco (eu também) era querido pelas garotas e nunca dava confiança (eu também) e não por que fosse arrogante ou qualquer outra coisa assim, simplesmente porque era tímido (assim como eu). Um dia qualquer o cara me olha com aquela cara de morte e diz "Vou me mudar pra Goiânia com minha mãe", e foi mesmo. Sumiu uma semana e um dia apareceu pra me dizer um adeus muito sincero (na verdade foi só pegar uns documentos e dar adeus pra um ou outro) mas eu soltei um, "nos vemos por aí cara" e ele pela primeira vez pareceu se desarmar do seu " passado legal" e disse " é cara, nos vemos sim, se cuida" demos um abraço ( ou foi um aperto de mão?) curto e desajeitado de adolescente... E foi isso, o cara nunca mais foi visto e nem sei porque cargas lembrei dele.
Agora revisando
lembrei de uma coisa... O passado legal dele era sempre relacionado a ficar bêbado ou flertar com alguma garota numa festa estranha que ele nem tava afim de ir... Engraçado que tenho certeza que ele era tão “certinho” quanto eu.


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Encontramo-nos no orkut, trocamos alguns recados e nunca mais... Foi uma amizade de momento, circunstâncias e medo da solidão no colegial (o que é realmente de assustar), ainda hoje acho que aquilo foi sincero e agora penso que as vezes ele deve lembrar de mim, o cara de rosto triste que era seu reflexo perdido por aí...

3 comentários:

  1. oi você deixou um comentário no meu orkut que só agora eu vi, tava na pasta de spam.
    Valeu salvei seu blog vou lendo com calma.
    Abraço.

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  2. No começo achei que fosse um livro, no meio, pensei ser o Igor, e quando acabou, me identifiquei :D

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