terça-feira, 6 de setembro de 2011
Otávio e as flores tristes na janela.
Quando chove, eu fico vendo a chuva cair batendo em tudo, nos telhados, nas casas, nas pessoas, ela deve vir batendo desde os aviões, desde os pássaros! Eu tenho certeza de que se eu fosse chuva, se eu fosse uma gota de chuva, eu caíria livre, rente aos aviões, rente aos pássaros, ia mergulhar lá do céu, do firmamento, direto em queda livre, sabe? Nem que eu caísse numa árvore, no meio do mato, numa floresta! Eu sei que passaria por todas as folhas, por todos os galhos, eu passaria como um fantasma. Eu acho que as pessoas ficariam olhando admiradas, como sempre ficam. Ficariam olhando eu cair, ficariam dizendo umas as outras que a gota caindo era linda. Ficariam encantadas e não me escutariam gritando se eu pedisse ajuda. Estariam todas surdas olhando cegas pra mim, como sempre fazem... Eu caíria sozinho desde o céu. Nasci pra ser visto e só. E eu como gota de chuva seria assim mesmo, viria do céu só pra explodir no asfalto, viajaria o céu inteiro sem fazer sentido pra mais ninguém, sem dizer uma palavra, eu chegaria ao chão com o mesmo peso, da mesma forma que eu comecei a cair, nada me mudaria.
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PRA FAZER SENTIDO PRA MIM...
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