quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Frankenstein

A boa narrativa. Engraçado percebermos como o tempo realmente se reflete no trabalho do artista, escritor, pintor, enfim... Lendo "Frankenstein" de Mary Shelley, percebi vários desses elementos, escrito no meio da Revolução Industrial o texto apresenta um monstro que ganha vida a partir de uma máquina e que por sua vez resolve se vingar de meio mundo por ter sido condenado a solidão, seria esse um medo nosso também? O medo de que as maquinas tomem os nossos lugares nos campos e nas fábricas, assim fazendo de nós pobres solitários em nossas casas? Uma tristeza do monstro é ser "inútil" seria esse também um medo do homem naqueles(?) tempos? Por fim a criatura tem a grande idéia, encontra seu criador para persuadi-lo a criar uma esposa de sua raça, também feita de restos humanos e dotada de vida a partir de uma máquina, eis que seu inventor aceita e depois pensa que talvez eles possam ter filhos com os anos podem terminar recriando a terra a sua imagem (vazia) e sua semelhança (medonha)... Seria esse um traço da nossa não-felicidade-crônica? Ao perceber que o monstro que assassinou humanos talvez pudesse ser feliz nessa vida, seu criador resolve abortar sua missão... E no final temos tudo, vida, sofrimento, vingança, mortes, acordos, quase-felicidade, mentiras e a frustração. O texto gira na nossa questão maior, a aceitação, o amor e a forma como jogamos a culpa em alguém, sempre.

Uma boa narrativa passa pelo coração do seu tempo.

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