sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Li Nelson antes dos 20, deu nisso.

Sofro de desilusão eterna. Como se eu fosse uma criança de 1 ano de idade que descobre que dentro da cartola não tem coelho nenhum, tem só truque, só artifício. Com 16 descobri que dentro da vida não mora amor nenhum, tem só carência, momentos e breves instantes de confusão, de ambos os lados. Todo dia eu tento voltar no tempo, tento esquecer o que aprendi, mas eu não só aprendi como apreendi e me arrependi, o que tornou tudo tatuado em mim, na minha dramaturgia, no meu teatro e na minha vida. Como se a vida fosse só esperar para o próximo engano e a próxima vez da próxima vez da próxima vez. Viver de momentos é como usar crack. Viver esperando uma semana como aquela... Coisa estranha pensar que realmente é como uma droga, eu poderia gastar o que eu tenho para conseguir de novo aquela sensação, e depois, sofrer abstinência, sofrer da realidade conclusiva de que as coisas não são como são quando são boas. Eu reconheço todo mundo que já não acredita mais, todo mundo que ja nadou pelas ondas e que hoje se incomoda com a parte calma do mar. De olhos profundos e humor barato a gente segue a vida, esperando conhecer alguém num bar, numa platéia de teatro, no curso novo, no trabalho novo, ou mesmo, quando a gente se força pra sair, a gente vai à padaria a pé, a gente vai ao mercado a pé. Só pra conhecer alguém. E eu vou a pé pra todos os lugares, não que eu procure alguém, eu procuro momentos, ando vivendo lindos, mas, como a vida é assim, a gente sempre tem que ter saudade do que não temos mais direito ou vontade de sentir absolutamente nada.

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