quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Madeira, samambaia e minha antiga boxer sentada no quintal dos fundos.

O primeiro natal que me lembro eu deveria ter uns oito anos de idade, lembro que muita gente apareceu em casa, lembro que várias crianças apareceram, mães, pais, tios, primos, amigos, vizinhos, lembro da integração da coisa toda, todo mundo me deu presentes, minhas mãe cortou o peito do Chester pra mim e meu pai trouxe um caminhãozinho de madeira cheio de brinquedos na caçamba. Minha tia já era velhinha e meu tio ainda tinha barba preta. Aquele natal me marcou muito, cresci acreditando que o natal poderia ser sempre aquilo, não sei se eu cresci e tudo perdeu a graça, ou se todas aquelas pessoas cresceram junto comigo, o fato é que os natais da minha casa nunca mais foram como aquele primeiro da memória. Eu lembro que aquele natal foi o primeiro de várias experiências, primeira briga com alguém, por um boneco do Alien. Primeira vez que eu soube que existiam mulheres que gostavam de mulheres. Primeira vez que vi meu tio tocar piano, e por mais estranho que pareça, acho que foi o dia que eu soube que era filho do meu pai, não lembro da conversa, só lembro que ele sentou na beirada da porta e ficou falando algo comigo, lembro que no meio de todos os amigos, pessoas e vizinhos, ele parou pra falar comigo, eu com oito anos e meio banguela, eu que brincava de carrinho de madeira ao lado da samambaia... E até hoje quando chega o natal eu sinto que tem muita gente pra chegar, muita comida pra fazer e várias coisas pra sentir, me sinto atrasado quando percebo que a toalha de mesa será a mesma do natal passado e que a família será a mesma, eu o mesmo, meu pai o mesmo. Acho que o que mudou foi outra coisa, os amigos antigos daquele natal devem estar procurando outra família para passar a ceia, outra família rica como nós éramos naquele tempo.

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