sábado, 6 de novembro de 2010

O povo do cantinho

O canto é um lugar estranho de azulejo claro e figurinos perdidos por outras montagens ou outros atores ou outros tempos... Um lugar onde a corda grosseira se mistura ao espelho de maquiagem. Quando ela chega o canto muda, ganha uma banqueta (da Barbie) uma caixa de maquiagem (também da Barbie) e luz vinda de uma lâmpada que se esconde dos ratos que por ali andam comendo tudo, lâmpadas, pesinhos, cabides e as vezes um ou outro desodorante. Tem o cara forte que chega e pega o seu espelho, coloca no colo e fica ali, pintando os olhos. Tem o menino novo que sempre chega com o capacete no braço e o radinho enfiado na calça. Ali pelo fim chega ela que eu primeiro vejo de costas. E assim é, chega todo mundo de cansado pra sair de personagem. Alguém um dia disse que “esse povo do cantinho repara tudo” e taí uma verdade. Se você muda o perfume, alguém logo fareja, se muda o cabelo, alguém sempre nota, mas agora o cantinho foi ameaçado por uma influência do outro extremo da sala, o casamento. Hoje o casamento passou ali perto, e ninguém se abalou, ficamos lá, firmes e maquiados, transformando a vida em teatro porque se duas amigas que se casam no mesmo dia, uma com certeza é feia, e temos dito.

2 comentários:

  1. ...ahahha...só você! olhar lapidado e único! comentário TitoRodrigueano..."uma com certeza é feia"!

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  2. ADOREI, TITO!!! adoro nosso cantinho...! beijo

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