quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Tudo isso que a gente nem vê
Vi uma peça linda, reconheci um estilo forte de atores quase babando no palco, eu sou fã do minimalismo das coisas, mas confesso que a força me arrebata. Alunos que subiram no palco e se formaram a cada frase, um diretor obcecado que criou um degrade nos olhos da platéia. Ritmo, luz, choro. Arrepiei diversas vezes, passei até uma vergonha que geralmente eu não passo, fui atrás do diretor, abracei e agradeci verdadeiramente. Tive vontade de beijar todas as atrizes na boca. A peça foi delas. Não existia um meio termo, não vi meninas em cena, assisti forças da natureza, cada uma delas mastigou o palco com o próprio sexo, as vozes, suas vozes me atormentarão a cada leitura de "Gota D'água" ou "Medéia", vontade de gritar um obrigado até o passado, para Chico e Eurípedes. Estou para engolir o que vi, mas acho que a peça não foi feita para ser digerida, cheia do inconsciente coletivo e cheia de jogos e sombras. Sai de lá repensando até minha relação com algumas pessoas, acho que não agüento mais gente que não se dedica e gente que não arranca um dente pelo teatro, ou você morre, ou você vive e é isso aí, seja lá como for...
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