Texto que fará parte do programa da minha primeira direção.
A solidão dos homens vem do berço, do pai que lhe rouba a mãe, do colega de sala que lhe rouba a professora. Eu falo da minha solidão. De qualquer forma este é um texto importante para mim, é resultado de uma fase que me tirou a fé em muitas coisas, do amor, da vida e das longas e míticas voltas por cima que a gente cresce acreditando que se pode dar após um tombo. Quando senti que não parava mais de cair, quase sem pensar e a partir de uma frase, desenvolvi todo o texto em poucos dias e foi assim que as coisas foram amontoando-se na tela do computador, tinha acabado de ler “O Anjo Pornográfico” e a partir dessa estética, dei voz ao meu sentimento de imensa devastação e desesperança não só quanto ao “amor”, mas também quanto ao ser humano como instituição e abrigo. Num momento onde havia parado o teatro e repensava minha relação com a arte e com o mundo, a catarse curou certas ranhuras, mas o teatro re-arromba essas feridas a cada ensaio e essa é a melhor forma de cura, acostumar-se a dor implacável e aproveitar essa solidão para transformar tudo isso em poesia para um novo teatro.
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