terça-feira, 27 de julho de 2010

Carta para Otávio

Otávio, Otávio... Minha vontade era te matar pra ficar com você, pra cuidar de você e não deixar mais ninguém te machucar, tenho vontade de cuidar de cada poro teu. Loucura minha, mas quero soprar cada poro teu, te refrescar no verão, não te deixar suar nunca mais. Quero beijar cada parte seca do teu corpo. Otávio, Otávio... Eu queria observar tua alegria, queria te avisar que ta sol antes de você levantar e te dar todas as boas notícias da tua vida. Meu plano era te ver todos os dias, antes de todo mundo. Aliás, eu nem te queria nesse mundo. Queria tudo isso, queria passear com você e descobrir alguma flor desconhecida, batizar com teu nome e plantar um pezinho no quintal. Desse jeito você vai achar que eu te amo, mas é o contrário, tou dizendo aqui que eu não te amo e que isso que eu sinto por você é uma loucura minha por culpa tua. Eu não te amo. Esse é o fim da gente, tou namorando o Carlinhos e ele sim eu amo de verdade.

Beijos.



Terminou de escrever e guardou na gaveta. Quatro meses depois tirou da gaveta e entregou na aula de português. Quatro anos depois, tirou da gaveta e rasgou.

Um comentário:

  1. Adorei este trechinho, acho que você começou a decifrar um jeito estranho que as pessoas estão usando para amar hoje, um amor que a gente não compreende direito, não sabe o que fazer com ele mas também não consegue jogar fora.sérgio roveri

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