segunda-feira, 3 de maio de 2010

Epifania

Bresson acreditava que o divino poderia ser evocado através da arte, em algum momento, de alguma forma e por alguma razão desconhecida no meio de uma ação artística Deus (ou o divino) poderia manifestar-se no olhar de um ator, na voz de uma cantora, e isso vem me tocando tanto, ando encontrando, topando com essas epifanias, acredito que seja alguma "ilusão" humana, por enquanto não acredito que seja algo
além-humano, creio que seja o ápice da arte, recriar tempo e espaço de forma que não mais possamos aprisionar nossas criações nesse plano material ao que estamos acostumados, de alguma forma essa tal arte acaba mentindo para seu criador, acaba dizendo sem palavras que ela é perfeita demais para ser humana, e é isso mesmo... A arte causa perfeição em raros momentos, e ao meu ver por isso Bresson empurrava pra conta de Deus, a última coisa que queremos atingir é a perfeição, o fim, o pleno, até porque o próximo passo seria morrer em paz. Em alguns momentos, esses de epifania, por querer ou sem querer recriamos o real, reestruturamos o tempo e evocamos sentimentos realmente vivos, e o (raro) conjunto desses elementos acaba precisando de um nome, alguns chamam de "pérola" outros de "Deus".

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