quarta-feira, 24 de março de 2010

Homem domesticado

O cabelo ainda empastado com cheiro de molhado e moderno, brilhando com o gel azul do pote. A calça ainda tinha um pouco do vinco, a camisa não guardava mais o cheiro do amaciante. O gostoso era sentir que o sapato havia lanceado e os pés estavam confortáveis. Serviu-se da comida fria, colocou na máquina, programou e em absurdos dois minutos estava tudo quente e canceroso. Colheu os talheres na primeira gaveta e um guardanapo de pano na segunda, sozinho em casa à meia luz, parecia sozinho no mundo. Olhou para o prato, olhou para si, sentiu a barba crescendo naquele minuto, sentiu seu cheiro suado e viu as unhas roídas, era ele um animal. Colocou o prato no chão, ficou de quatro e comeu, roeu o osso do frango, dormiu, acordou melado, tomou um banho e foi trabalhar.


. Já pensaram? Seria uma delicia chegar em casa e fazer isso, sei la... Ficar nu e dormir com os cachorros, dormir no chão da sala, comer com as mãos e melar a cara... tomar água com a língua limpar a boca no braço...

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