terça-feira, 1 de setembro de 2009

ESTORVO . Chico Buarque de Hollanda

Um momento muito Chico na minha vida, primeiro eu vim descobrindo algumas das antigas depois me peguei escrevendo com alguma métrica buarqueana (quem dera não fosse ilusão) e surgiu o projeto da Ópera do Malandro, minhas imitações do Chico pro espelho talvez tenham de ser mostradas e isso é estranho. Fui procurar a Ópera pra ler e encontrei ESTORVO, claro que comprei claro que li claro que é fantástico. Um livro com narrativa densa mas tão gostoso de se ler que nem parece um ensaio no fio da navalha, cada palavra esta a um passo de ir pra loucura ou pro surrealismo é tão desconstruído o pensamento da personagem que é fácil achar que o Chico perdeu a mão , mas definitivamente ali existe muita consciência de onde se quer levar o leitor. Ok, eu percebi algumas canções embutidas e umas sonoridades muito musicais, mas e daí? Vai ver era mesmo a idéia; se criar um livro que soa como música na língua enquanto se lê. Palavras incomuns são usadas com a leveza e naturalidade que dão sentido ao verbo ou ao substantivo que nunca ouvimos ou lemos e isso sim é saber escrever em bom português, não tem ar de Fernando Collor de Mello discursando um Aurélio (Buarque de Hollanda) como quem come macarrão e pensa que é Pato com Laranjas, Collor usa todas as palavras que lembra no mesmo verso e ainda termina com um substantivo que só o impeachment (consultei o google para não errar na escrita de impeachment) pode criar, mas o fato é que no seu romance de estréia (ESTORVO) Chico acertou em cheio e teve coragem para acertar por que é uma narrativa ousada de se fazer, mas o resultado foi dos melhores. Adorei ter lido por acidente. E adoro falar "ESTORVO" enche a boca essa palavra, que tem jeito de coisa russa... "ESTORVO" ESTORVO" “ESTORVO”








Hino de Duran:





E mesmo nas galeras és nocivo, és um ESTORVO, és um tumor.
Que Deus te proteja.
És preso comum Na cela faltava esse um.

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