Um momento muito Chico na minha vida, primeiro eu vim descobrindo algumas das antigas depois me peguei escrevendo com alguma métrica buarqueana (quem dera não fosse ilusão) e surgiu o projeto da Ópera do Malandro, minhas imitações do Chico pro espelho talvez tenham de ser mostradas e isso é estranho. Fui procurar a Ópera pra ler e encontrei ESTORVO, claro que comprei claro que li claro que é fantástico. Um livro com narrativa densa mas tão gostoso de se ler que nem parece um ensaio no fio da navalha, cada palavra esta a um passo de ir pra loucura ou pro surrealismo é tão desconstruído o pensamento da personagem que é fácil achar que o Chico perdeu a mão , mas definitivamente ali existe muita consciência de onde se quer levar o leitor. Ok, eu percebi algumas canções embutidas e umas sonoridades muito musicais, mas e daí? Vai ver era mesmo a idéia; se criar um livro que soa como música na língua enquanto se lê. Palavras incomuns são usadas com a leveza e naturalidade que dão sentido ao verbo ou ao substantivo que nunca ouvimos ou lemos e isso sim é saber escrever em bom português, não tem ar de Fernando Collor de Mello discursando um Aurélio (Buarque de Hollanda) como quem come macarrão e pensa que é Pato com Laranjas, Collor usa todas as palavras que lembra no mesmo verso e ainda termina com um substantivo que só o impeachment (consultei o google para não errar na escrita de impeachment) pode criar, mas o fato é que no seu romance de estréia (ESTORVO) Chico acertou em cheio e teve coragem para acertar por que é uma narrativa ousada de se fazer, mas o resultado foi dos melhores. Adorei ter lido por acidente. E adoro falar "ESTORVO" enche a boca essa palavra, que tem jeito de coisa russa... "ESTORVO" ESTORVO" “ESTORVO”
Hino de Duran:

E mesmo nas galeras és nocivo, és um ESTORVO, és um tumor.
Que Deus te proteja.
És preso comum Na cela faltava esse um.
É..."ESTORVO" é de se encher a boca... "ESTORVO"
ResponderExcluir