terça-feira, 28 de junho de 2011

Primeira crítica escrita do Cemitério dos Elefantes.

Uma pessoa que critica várias coisas que eu faço e já fiz: Minha mãe.

Entrevista parte I


Eu -E aí mãe?

Mãe – Olha eu não gostei. Gostei mas não gostei, assim, não sei.

Eu – Posso colocar isso no facebook?

Mãe – Mas eu disse pro, pro moço, o de preto... O Penna! Eu disse que gostei, minha máscara vai cair! Que nem na peça. Apertei a mão dele.

Eu – Sim mãe, tudo bem, normal.

Mãe – Olha! O texto é poético, mas a peça é tão, tão nogentona! Não combina, aquele banho podre de água podre, aquele cara é um alucinado, não combina filho! EU não te vi na peça, aquele não é seu universo.

Eu – É sim mãe, sou muito louco, centro da cidade total, sou um elefante mãe.

Mãe – Magina! Você é meu filho seu trouxão, eu te conheço, acha que não? Elefante coisa nenhuma, meu filho sim. E outra, seu pai fez aquela cara, mas ele também não entendeu nada!

Eu – Mas você não gostou, ou não entendeu?

Mãe – O que tinha pra gostar? O que tinha pra entender? Os dois! Aquele homem com aquele mamão! E a fotógrafa? Toda doida no meio das pernas dos outros pra fotografar, porque você não fez que nem nos teens? Tão boa aquela peça! Esse Cemitério sei lá de quem NUNCA vai pro SESC.

Eu – Mas a gente não quer apresentar lá mãe...

Mãe – AINDA BEM QUE VOCÊS SABEM O QUE FIZERAM.

Eu – Mas... Bom mãe, você acha que pelo menos é arte? Assim, uma forma de arte.

Mãe – Arte é. Mas não vai me pedir pra gostar, já dei minha opinião! Aliás, a cena lá das, das, das meninas na rua, as...

Eu – Prostitutas?

Mãe – (com carinha de nojo) É. Elas. Essa foi boa, tinha humor, era engraçada, quem fez aquela?

Eu – O Penna.

Mãe – NOSSA! Ele tava bem no dia? É tudo doido, maluco, a podridão do ser humano retratada!

Eu – Oi mãe?

Mãe – A podridão do ser humano retratada! A podridão do ser humano retratada! Isso que é! Mas então, o de preto, o Penna fez bem aquela. Aquela se salva, o menino que canta em inglês é muito bom, bonito também, dele eu gostei, de resto! E aquela menina com o zíper na boca! Meu Deus! Ela acabou com tudo, falava uma coisa bonita e gritava, falava e gritava, ela pulando corda já era de assustar, filho, os teens foi tão bom! Pra que mostrar essas coisas podres. E a menina é bonita viu, ela não acha ruim de falar aquelas coisas? Não é uma moça feia não

Eu – É mãe, bom... Papai comentou alguma coisa, antes de eu chegar?

Mãe – Nem ele! Calado! Ficou calado, mudo! Pra você ver!

Eu – Mas pelo que conversei com ele, senti que ele entendeu tudo, assim, sacou do que a gente ta falando.

Mãe – QUEM? SEU PAI? VOCÊ NÃO CONHECE SEU PAI? Ele fala tudo, seu pai fala, é assim...

Eu – Mas mãe, falei pra você não ir...

Mãe – Ah! Bonito! Você faz uma coisa e não é pra eu ver o que meu filho fez? Melhor não fazer quando for assim! Não faz que eu não vejo! Mas se você fizer eu vou ver, já sabia que eu não ia gostar, mas você fez né, sou mãe, você é meu filho, eu precisava ver! Ia ficar sem ver? Tem cabimento isso?

Eu – E a cena da massa mãe? Que a menina faz massa de bolo na cena.

Mãe – BOLO? QUE BOLO? Imundice sim! Bolo não, pelo amor de Deus né, suja tudo, depois quem limpa? Num frio desse, lá tem chuveiro pra aquele povo todo tomar banho direitinho? Ela ameaçou jogar a massa e aquela fotógrafa toda doida assustou, ainda disse “ai”!

Eu – Que mais mãe?

Mãe - E o, aquele menino e o alucinado...

Eu – O que mãe?

Mãe – Deles dois lá... Fazendo...

Eu – Sexo? O Estupro.

Mãe – É MARCIO! É! Isso! Não gostei também, mamão, o que tem a ver? O Penna é bom viu!

Eu – Mas você disse que não gostou mãe.

Mãe – Não gostei mesmo! Não vou mudar de opinião, mas ele é bom! E daí? É bom sim, achei bom, mas não gostei! Seu pai também!

Eu – Papai disso que gostou mãe.

Mãe – EU É QUE SEI, acha que não conheço seu pai? Gostou nada, ficou com aquela cara dele, mas eu sei. Ninguém gosta, as pessoas assistem, falam e tudo, é diferente, chama a atenção, mas ninguém gosta, bom, o Penna sabe do que eu tou falando.


Continua...

3 comentários: