Hoje, saindo do metrô, cedinho com a chuva rala da manhã, eu me vi parado observando a derradeira obstinação das mulheres que vão para o trabalho, seus olhos fixos no caminho e seus saltos duros no chão. Tão bonita a forma como a maquiagem é modelada nas caras de sono, os cabelos escovados e os dentes brancos que só queriam estar dormindo ainda. As mulheres são de uma força única, fiquei pensando em tudo isso, na forma como as roupas são passadas pela manhã e na forma como todas vão com certo brilho no olhar, um brilho de quem quer produzir, conseguir, e fazer alguma diferença.
Mulher séria é outra jogada, e no metrô todas são sérias. Cheias de objetivos e bolsas de couro falso.
Curiosa a forma séria e meiga que elas conseguem transmitir. Femininas, formais e atenciosas sem nunca mover os olhos para olhar um cara bonito, ou um burburinho, ou eu.
A forma como o batom é sempre delicado. Parecem-me todas mornas, nem quentes de cama e nem frias de rua, mornas de café tomado com pressa. Não gostam de chicletes. Respiram delicadas como se fosse a apresentação do ar aos pulmões.
E fico imaginando todas elas apaixonadas, todas elas fora de si, com os sorrisos abertos e paixões ardentes num cabelo solto nos ombros, apaixonadas e desempregadas quem sabe, quem sabe?
Nenhum comentário:
Postar um comentário