segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Georges Bernanos
"Para mim a obra de um artista nunca é a soma de suas decepções, de seus sofrimentos, de suas dúvidas, do mal e do bem de toda a sua vida, mas sim, a sua própria vida transfigurada, iluminada, reconciliada. Bem sei que nunca saboreamos o vinho novo desta reconciliação de nós mesmos conosco, a não ser quando a vindima já está feita - como a dor física que pode se prolongar por muito tempo depois de sua causa tiver cessado. Tendo-a realizado à custa de um esforço imenso, continuamos a desejá-la ainda. É que nossa alegria interior não nos pertence mais do que a obra que ela anima, é preciso que morramos vazios, que morramos como recém-nascidos (...) antes de despertar, depois de ultrapassado o limiar, na meiga piedade de Deus, como numa alvorada fresca e profunda".
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