domingo, 5 de setembro de 2010

De repente

De repente no meio da noite fui assaltado por um poema, um poema de memória antiga que eu quase assustei quando escrevi, não escrevo poesia, mas essa veio tão de repente, tão silenciosa, deve ser a primeira verdade que eu digo (em literatura) de uns tempos pra cá...


.De madrugadas enfronhadas nos ouvidos
Luzes numa memória fosca e triste
Se a boca eu lavo com comida nova
O peito eu deixo secar com roupa usada
Das manhãs animadas e claras
Das madrugadas ativadas pelos festejos antigos
Rituais, cheiros, mortos revelados e velados no portão
Se a terra seca e repousa me atrai
O mesmo acontece com o céu duro, opaco e por acaso
De madeira, de cheiro, de vozes
De pais, mães e irmãos.


.Ouvido o distante barulho dolorido, das castanhas pisadas
A cara já cresce, o peito já pulsa
No distante relevar de um rosto conhecido e inventado
A casa emagrece em frente a lua
E a fresta recortada, dos olhos apertados, se retira
Era essa, só mais uma memória secreta.
Só mais uma música festiva que não voltarei a ouvir
Mais um som misturado a imagens, cheiros e comida nova.

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