sábado, 26 de junho de 2010

Alberto e eu .

Não sei por que me sinto obrigado a escrever sobre ele, talvez por não ter dito nada de significante no tempo em que convivemos. Um enorme mestre da vida, um homem de teatro. Isso é forte, isso é louco. Fico pensando em quantas pessoas passaram por sua vida, quantas pessoas ouviram falar dele, quantas pessoas ele conheceu , amou e agora deixa com saudades. Cada passo, cada palavra se repete agora na minha cabeça, cada cara de zangado que fazia pra conseguir um riso dos alunos, cada gentileza. Penso nele como um homem importante e ocupado, que nesse meio tempo, um dia tirou alguns minutos pra falar comigo, comentar, aconselhar, sugerir... E nesses minutos deu-me coisas para a vida toda, penso na dor de conhecê-lo bem, a dor de hoje, tê-lo como amigo, perder esse amigo deve doer, se me dói perder essa referência, esse professor, penso no quanto ele deveria ser envolvente como amigo, um amigo que eu pretendia ter na vida. Queria que ele soubesse que estou lá, valendo sua luta, ensaiando sua peça, pisando com amor onde ele amou e pisou. Quando queria impressionar meus pais, dizia que ele havia elogiado minha cena, mentia mesmo. Quando o encontrei por aí e ele lembrou-se do meu nome, fiquei feliz. Depois de um tempo percebi que a barreira aluno-professor fora inventada por mim. Ele me chamava de “Marcinho” e eu chamava-o de “Professor”. Só entendi isso a pouco tempo, faz pouco tempo que entendi que tive um amigo que nem percebi, um amigo que falou bem de mim enquanto eu o admirava de longe. Saudades do professor que me fez perceber melhor o Teatro, saudades do meu quase-amigo e eterno mestre Alberto Guzik. Paz.

2 comentários:

  1. "Só não saberás nunca que neste exato momento tens a beleza insuportável da coisa inteiramente viva. Como um trapezista que só repara na ausência da rede após o salto lançado, acendes o abajur do canto da sala depois de apagar a luz mais forte. E começas a falar."

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