Resolvi andar, andei de Santana até Sumaré, cruzei a linha vermelha, a linha verde, a linha azul, todas as linhas sociais desse trajeto, passei pela parte nobre de Santana, depois passei ali pela surreal cracolândia, e por fim cheguei a tal linha verde do metrô, consolação , clínicas enfim... Na cracolândia um menino tentou, perguntou-me as horas, viu que eu não tinha relógio e disse no automático " celular se não eu te mato", fez cara de assassino e tudo mais, sorri e balancei a cabeça, ele sorriu e disse "pode passar" ... Afinal de contas, ele é o dono da rua não? Passei e ainda ganhei um "Vai com Deus" não acredito muito mas disse o mesmo, ele ainda pediu-me um real, neguei e fui, engraçado que 5 minutos depois eu tentei recordar o rosto desse menino, só lembrei que era negro e dizia " eu te mato" foi tudo que lembrei, um menino negro me ameaçando, depois mais pra frente lembrei que era um cara bonito até... Como era meu caminho subi em direção à consolação, ali o contraste foi de chocar, os meninos rasgados e sujos da cracolândia deram lugar aos meninos rasgados e sujos de guache, os calouros do Mackenzie, os meninos que pediam dinheiro na cracolândia deram lugar aos "bixos" fazendo o mesmo... Não é culpa de ninguém, seria essa simplesmente "a vida " ? No meio disso tudo observei Ivam Cabral descer do Ônibus (eu acho) e sorrir observando os Mackenzistas, pensei que ele deveria vir do Brás e que talvez tivesse sentido o mesmo contraste que eu sentira na minha Odisséia. Na verdade fiquei deslocado, não sou nem trombadinha e nem Mackenzie, mais para Mackenzie mas também não me vejo brincando no farol... Só me senti em casa quando cheguei ao meu destino, o espaço viga.
Bertolt Brecht
Tempos Sombrios
"Realmente, vivemos tempos sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.
Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes,
pois implica em silenciar
sobre tantos horrores."
E o engraçado é que nos vemos nessas pessoas. Nas atitudes rudes, grosseiras, ameaçadoras, e ao mesmo tempo engraçadas, cativantes. Somos tão diferentes e tão parecidos. Todos com sonhos, medos, frustações mas cheios de esperanças. Quer uma prova: olhe nos olhos!!!
ResponderExcluirTem razão Marquitoo ! No final são todos seres humanos, a diferença está em como estes seres humanos se sentem perante a humanidade...
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