terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sobre um mundo no escuro

No meio do ensaio (ok, de uma conversa durante o ensaio) acabou a luz. Pensei ( pensamos) que fosse somente na escola, que nada! Era no mundo todo, no nosso mundo todo. No nosso país. Momentos depois me vi vivendo um filme engraçado. Onde sai de um lugar que na escuridão parecia uma montanha, um shopping inteiro iluminado no meio do breu. Então olhei. Vi os vultos subindo e descendo. Dei um passo e segui em frente. Corri pro miolo da escuridão, o vento parecia muito mais gelado do que quando temos luz. Ouvi conversas do tipo “Isso por que a luz acabou! Imagina quando Deus voltar!”. Um travesti me fez um convite que julguei nada tentador. A boate Kilt toda apagada com os bonecos pendurados no topo do castelo, São Paulo tem qualquer coisa de surreal, nessas horas. Mas o que mais mexeu comigo em todo o percurso foi ver como o homem continua animal, percebi que os homens andavam fazendo pose, e algumas mulheres encolhidas quase que tentando sumir, o medo nas ruas, dava pra sentir “até no escuro”. Mas também vi coisas lindas. Vi um grupo de amigos rindo e bebendo, celebrando a noite. Vi um grupo de sombras subindo a frei caneca, todas unidas, próximas e companheiras. E eu me vi, me vi no meio de tanto concreto e escuridão, me vi sem medo de nada, me vi quase um homem feito.

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