segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Falando sobre o intangivel intocavel.

Conversando com o bom amigo Insidream entramos em um assunto estranho. Sensações (Seleções Reader's Digest?) não. Eu disse: Sensações. As que não tem sentido e não tem nexo, aquela lembrança que temos e não sabemos de onde. É uma das coisas que explicam todos queremos alcançar uma felicidade que nunca se pode alcançar. A meu ver essa felicidade sempre será menor do que a que se teve em algum tempo, espaço, dimensão, universo ou sei lá o que. E é daí que vem esse ser humano ranzinza com as próprias conquistas e incompreendido em qualquer situação. Particularmente a minha sensação disso tudo é uma lembrança que nem sei se eu mesmo criei ou se faz parte desse imaginário coletivo, é uma noite e eu piso na grama, eu tenho uma saudade disso, sempre que me passa pela consciência me dá uma saudade dessa época que não conheci. E ainda nisso me vem uma memória de um amor. Um amor que talvez esteja atravessando o vácuo e parando nessas palavras que no final só farão sentido para mim e para alguns poucos amigos ou desconhecidos. Nessa noite ainda, eu sei que tem algum vento, não sei de onde e nem se estou seguro nisso tudo. Sei que isso me acompanha desde uns 9 anos de idade, talvez. Espero entender algum dia, e espero que você também entenda.

Meu processo de ator.

Eu tenho duas cenas. Uma delas rolou muito bem o semestre inteiro e não foi por acaso, ensaiamos, pensamos, fizemos e refizemos várias vezes. Acabou que criamos umas 6 marcações diferentes e no fim ficou uma mais simples mas sem dúvidas muito mais forte e interessante para o espetáculo. Encontrei a personagem dessa primeira já faz algum tempo, mas sinto que só nas ultimas vezes eu a encontrei no corpo, estava intelectualizada e não viva em mim. Por outro lado minha outra cena eu vinha fazendo o feijão com arroz. Tentando dar o texto certo e manter um corpo quase neutro. Não sei por que eu vi essa personagem tão rasteira assim... Mas nos últimos ensaios com direção e (estranhamente) com algumas impressões que vim acumulando no processo, eu finalmente mastiguei o texto e coloquei no corpo, dei tonos e energia para a personagem, o resultado foi algo mais forte que a primeira, porém mais improvisado mais livre, estou mais senhor dessa segunda cena. Sei exatamente como agir sei que se algo der errado eu posso improvisar com segurança. Agora é correr atrás dessa primeira que eu tanto me dediquei e deixei escapar pelos meus dedos. Quero o melhor das duas, o melhor para a peça e o melhor de mim.

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Essa matemática do teatro ainda me confunde muito. A matemática do imprevisível.

domingo, 29 de novembro de 2009

E não é?

Frase lida na camiseta do rapaz da cadeira da frente .



"O vaso dá uma forma ao vazio e a música ao silêncio." (Georges Braque )

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

No Brás(il)

Conheci o Brasil! EU que vinha desconfiando que a Avenida Paulista não fazia mesmo parte do Brasil de verdade e eu que desconfiava que por ali não andavam os verdadeiros "brasileiros". Hoje encontrei o Brasil, no Brás. Sei que não vi rostos com tons europeus e nem cabelos mega lisos perdidos em shampoos caros. Vi um país que me lembrou O Auto da Compadecida (tirando o adendo da poesia). E eu digo que aquele é um lugar estranho. Onde as pessoas se olham com medo e sempre estão com a mão protegendo a carteira. Onde as mulheres gordas são socadas na multidão até darem passagem aos outros. Onde você não vê mais paredes nem asfalto, vê pessoas e mais pessoas. Vê falsificações e refrigerantes alternativos. A multidão parda olha feio, os novatos. Eu não devo saber andar no ritmo. Sei que fui alvo de muitos olhares que devem ter me julgado fresco. Saí tropeçando o dia todo.

E no meio de tudo isso está nascendo algo sofisticado. Algo que está para o Brás como esteve os Saytros para a Praça Roosevelt. Uma revolução cultural importante sincera e jovem, tudo ali tem cara de juventude, o conhecimento é passado de uma forma leve e falado de homem para homem. E esse só foi o primeiro dia.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

São Paulo Escola de Teatro



Eu que procuro saber dessas coisas me sinto perdido no meio de tanta coisa! Como São Paulo arrebata ideais e dá vida à alguns sonhos. As coisas estão acontecendo e a história está sendo escrita por gente que já fez história. Sem dúvidas a primeira turma a se formar na SÃO PAULO ESCOLA DE TEATRO ( http://twitter.com/escoladeteatro ) terá desbravado de terça a sexta ou aos sábados, um caminho que mudará o pensamento artístico e o reconhecimento profissional da classe. Quero fazer parte disso. Muita gente quer. Muita gente precisa fazer parte disso. É um sinal bonito de que o estado ainda acredita em nossos artistas e intelectuais e por essa crença espera que no futuro existam homens e mulheres com o legado direto dessa (brava) gente.

O Exercício do Teatro

Assiste uma leitura do grupo TAPA ( núcleo de estudos) do texto O Despertar da Primavera ( Frank Wedekind) e foi realmente ótimo o exercício alguns esboços os tons e também alguns atores. No entanto o que me chamou a atenção não foi o que estava sendo feito no palco e sim na platéia. Fiquei bobo me perguntando do que as pessoas estavam rindo. Do que? Um texto tão agudo e pungente na boca de atores competentes (ainda que fosse uma primeira leitura) ali já se via o caule principal e o rumo que tomaria, ainda que fosse isso não havia a menor graça em grande parte da peça. E eu me perguntei onde uma platéia ( de gente de teatro) encontrou graça naquilo tudo. Voltando ao TAPA - Cada vez mais eu acredito nesse teatro inteligente e vivo. Os textos nunca vem com uma proposta somente estética e sim com algo de engajado com algo de importante e falando das coisas relevantes do nosso tempo. Os novos atores do TAPA mostraram que sem dúvidas são o futuro. Foram com força vontade e espírito. E eu que vinha questionando essa nova geração de atores/teste da globo saí feliz pensando que ainda tem muita coisa boa pra ser vista, feita e criada.

sábado, 21 de novembro de 2009

Mulher ao telefone.

"É! Ta grande! Ta grande! Grande! Isso. Já ta de peitinho. "

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A mulher brasileira é tão direta e simples que as vezes perde o charme. Nem todas.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Diretores rendidos.

Quando foi isso? Quando foi que os diretores passaram a querer agradar? Agradar? QUEM? O público?Parem de correr atrás deles! Não precisamos rasgar nossa dramaturgia com piadinhas e cacos, nem o teatro ganha e nem ninguém, o público sai achando que teatro é pra rir e o diretor depois de ouvir as risadas sai achando que fez um bom trabalho. Se não for comédia NÃO tente quebrar o drama nem dourar a pílula. Não se rendam ao Stand Up e nem ao formato Zorra Total. Façam teatro senhores. O teatro que tem dramaturgia e direção equivalentes. Onde a direção só tem um intuito: Chegar ao ápice do texto. Alcançar a pungência do autor e dar carne e osso às personagens.

Prontofalei!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A estranha imaginação.

Hoje liguei a televisão. Depois de muito tempo sem fazer isso. Geralmente ligo pra ver algum filme no vídeo ou dvd, mas hoje coloquei em um jornaleco da manhã e (obviamente) só vi desgraças e mais desgraças, no meio de uma notícia sobre uma enchente no Espírito Santo vi uma criança com um brinquedo na mão, então me veio um pensamento bobo e utópico. Quando somos crianças não damos o devido valor e nem a devida tristeza a certos fatos, pensei então que essas crianças que agora são abrigadas em colégios públicos, no futuro terão uma memória feliz, memória de quando ficaram em um lugar amplo cheio de outras crianças e talvez até um amor infantil com alguma menininha perdida por ali. O que para nós parece o inferno algumas crianças compreendem como só mais uma mudança. Ou na pior das hipóteses elas podem crescer revoltadas com o estado e dar no que já esta dando, Rio de Janeiro. Ainda prefiro acreditar no poder de superação da memória e da inocência.

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Não ligo mais a TV.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O Retorno ao Deserto - Koltès

Inspirado na Obra de Bernard- Marie Koltès o espetáculo tem lindos desenhos e bonitas fotos. A direção é inteligente mas não precisa, oscilando entres grandes momentos e momentos mornos. Talvez o morno tenha ficado pelo estilo francês que ainda tinha um eco no espetáculo, contrastando muito com as atuações dos latinos. Sandra Corveloni modula a voz com maestria. Não perdi o foco em nenhum momento dela. Tem com corpo expressivo um olhar vivo e o tonos preciso. Catherine Marnas as vezes se rende à um humor mais rasgado que muito difere do sarcasmo da obra de Koltès. (Não conheço bem o autor, mas além de ouvir o texto li e conversei sobre.) As projeções são interessantes, ajudam a contar e tem uma estética muito adequada, no entanto algumas vezes atrasa ou dificulta o entendimento. O que mais chamou minha atenção nessa montagem foram as diferenças de interpretação. Os latinos vinham com uma voz pra fora um olhar vivo, energia, tonos, corpo e gestos mais precisos e fortes, contavam com o corpo todo e eram senhores do palco e de suas interpretações, enquanto isso os europeus tinham algo mais tímido e mais limitado, as vozes com poucas propostas, os ritmos menos desenhados e os corpos mais engessados. Ser ou não ser? Talvez na França nossos atores sejam os "estrangeiros" no palco, ou como fizeram aqui, também tenham roubado a cena.

As personagens dobradas me confundiram um pouco, acho que tiram um pouco o foco e o ritmo do texto, a proposta é interessante mas não tenho certeza se para esse texto “ bilíngüe”.

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Cenografia: Uma das melhores e maiores propostas que já vi em um palco, linda cenografia, simples e "fácil", além de em todos os movimentos ter uma proposta e ajudar a contar, é realmente um grande trabalho. Cenografia de Carlos Calvo.

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Um bonito espetáculo, com ótimas propostas e ótimos atores (Os protagonistas e seus respectivos filhos. Suas réplicas e Gisella Millas). Talvez não seja um espetáculo para o Brasil público, ou uma direção. Sei que é fundamental para atores e estudantes de teatro.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sobre um mundo no escuro

No meio do ensaio (ok, de uma conversa durante o ensaio) acabou a luz. Pensei ( pensamos) que fosse somente na escola, que nada! Era no mundo todo, no nosso mundo todo. No nosso país. Momentos depois me vi vivendo um filme engraçado. Onde sai de um lugar que na escuridão parecia uma montanha, um shopping inteiro iluminado no meio do breu. Então olhei. Vi os vultos subindo e descendo. Dei um passo e segui em frente. Corri pro miolo da escuridão, o vento parecia muito mais gelado do que quando temos luz. Ouvi conversas do tipo “Isso por que a luz acabou! Imagina quando Deus voltar!”. Um travesti me fez um convite que julguei nada tentador. A boate Kilt toda apagada com os bonecos pendurados no topo do castelo, São Paulo tem qualquer coisa de surreal, nessas horas. Mas o que mais mexeu comigo em todo o percurso foi ver como o homem continua animal, percebi que os homens andavam fazendo pose, e algumas mulheres encolhidas quase que tentando sumir, o medo nas ruas, dava pra sentir “até no escuro”. Mas também vi coisas lindas. Vi um grupo de amigos rindo e bebendo, celebrando a noite. Vi um grupo de sombras subindo a frei caneca, todas unidas, próximas e companheiras. E eu me vi, me vi no meio de tanto concreto e escuridão, me vi sem medo de nada, me vi quase um homem feito.

sábado, 7 de novembro de 2009

Senhor do meu corpo.

Depois de pensar tanto em como meu organismo estava sendo domado pelo tempo, hoje acordei muito disposto e animado e determinado a não deixar meu corpo me desmotivar. Acho que fiquei pensando nisso antes de dormir (dormi umas 3 horas) que foram o suficiente, administrei bem minha energia e consegui aprender o que queria, de forma engraçada por que pela primeira vez eu não subi no palco, só assisti. As vezes a gente se esquece de como é proveitoso, gostoso e eficaz observar com os olhos de ver. Hoje foi importante.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Senhor do meu tempo.

Por semanas, desde que comecei esse novo módulo, eu vinha administrando muito bem meus dias e minhas noites, meus livros e tudo que envolvia minha vida "na arte", mas agora me vejo surpreendido por uma falta de energia. Parece que cansei. Isso não é bom. Continuo com a cabeça pensando e querendo e com tesão na boca quando subo no palco, mas o corpo tá mole , dormindo, ainda Sempre dormindo. Preciso voltar a ser o senhor do meu tempo. E logo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Os Cachorrinhos

Às vezes somos cruéis por não dar valor ao sofrimento dos outros. Uns cachorrinhos foram abandonados na minha rua, acho que ontem de madrugada. Eu os observo aqui da minha varanda. Acho graça. Eles gordinhos correndo, pulando e dando trabalho pra mamães, até que hoje na hora do jantar escutei um choro de cachorro. Pensei que deveriam estar brigando ou algo assim, logo depois, outro choro que me fez pensar que deveriam estar brincando, e então outro choro e imaginei que deveria ser fome. Cachorrinhos novos choram toda hora, não dei importância. Até que meu irmão resolveu ver o que era, dois cachorrinhos tinham ficado presos em uma valeta, um buraco de esgoto, desativado.

Fiquei pensando que por não dar importância, os cachorrinhos devem ter ficado no mínimo trinta minutos presos em um buraco escuro, com medo e frio.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Em minha vida ( In My Life )

Há lugares dos quais vou me lembrar
por toda a minha vida, embora alguns tenham mudado
Alguns para sempre, e não para melhor
Alguns se foram e outros permanecem

Todos esses lugares tiveram seus momentos
Com amores e amigos, dos quais ainda posso me lembrar
Alguns estão mortos e outros estão vivendo
Em minha vida, já amei todos eles

Mas de todos esses amigos e amores
Não há ninguém que se compare a você
E essas memórias perdem o sentido
Quando eu penso em amor como uma coisa nova

Embora eu saiba que eu nunca vou perder o afeto
por pessoas e coisas que vieram antes,
Eu sei que com freqüência eu vou parar e pensar nelas
Em minha vida, eu amo mais a você

Beatles - Judy Collins

SOPRANDO NO VENTO ( Blowin' In The Wind )

Quantas estradas precisará um homem andar

Antes que possam chamá-lo de um homem?

Sim e quantos mares precisará uma pomba branca sobrevoar

Antes que ela possa dormir na praia?

Sim e quantas vezes precisará balas de canhão voar

Até serem para sempre abandonadas?

A resposta meu amigo está soprando no vento

A resposta está soprando no vento

Quantas vezes precisará um homem olhar para cima

Até poder ver o céu?

Sim e quantos ouvidos precisará um homem ter

Até que ele possa ouvir o povo chorar?

Sim e quantas mortes custará até que ele saiba

Que gente demais já morreu?

A resposta meu amigo está soprando no vento

A resposta está soprando no vento

Quantos anos pode existir uma montanha

Antes que ela seja lavada pelo mar?

Sim e quantos anos podem algumas pessoas existir

Até que sejam permitidas a serem livres?

Sim e quantas vezes pode um homem virar sua cabeça

E fingir que ele simplesmente não ver?

A resposta meu amigo está soprando no vento

A resposta está soprando no vento


Bob Dylan

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Minhas estranhas impressões...

Escutando música às 04h15min... Vi o ano da canção "1964", imaginei que a pessoa que cantava já deveria ter morrido... Percebi que estava escutando voz de gente morta. E é não é?

Eu escuto gente morta...

Com qual freqüência?

Todo o tempo...

O Monólogo da Velha Apresentadora



Uma honra. Pude ver três vezes esse trabalho EXCEPCIONAL de ator, dramaturgia e TEATRO. Foram lindas todas às vezes. A primeira na pré-estréia. Segunda com meu pai e terceira hoje. Hoje por sinal foi o ultimo dia de peça, estava com uma energia sangrando no palco, oitenta pessoas lotaram o espaço dos satyros, os risos preenchiam completamente e o constrangimento que o texto causa era de deixar o ar pesado. Guzik expurga por ele e por nós nesse bem temperado drama-comédia-monólogo-dueto. Um dos maiores trabalhos de ator que já presenciei se não o maior. É pungente, vivo e asqueroso. Esse ser criado por Marcelo Mirisola é assustadoramente real e cotidiano, Chico Ribas tem algo que nos concentra fortemente a cada gesto seu. Josemir Kowalick acerta na direção, seu maior acerto foi deixar essa fluidez acontecer.



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O ponto alto sem dúvidas é a forma como Guzik trabalha a sua voz. De graves para agudos de agudos para vozes satíricas ou só articulando o que não se deve dizer. A colocação da voz foi perfeita, não percebi nenhum momento onde poderia aplicar-se outra proposta além da executada.



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O mestre que adorei ter agora me mostra o próximo passo: alcançar essa energia no palco essa qualidade extrema.



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Lendo sua coletânea de obras ( O Teatro de Alberto Guzik - Imprensa Oficial) percebo uma identidade jovem se estabelece em "Um Deus Cruel" um diretor "ranzinza" sendo bombardeado pelo tesão do eterno aluno, um texto maravilhoso.



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Um trabalho para ser lembrado. Por muito tempo. O Monólogo da velha apresentadora deixará saudades na Praça Roosevelt.


domingo, 1 de novembro de 2009

Satyrianas 2009

Satyrianas no sábado: Desesperador. Arrisquei-me em três peças, apenas uma mostrava ter uma impressão do que é Teatro. Essa uma era boa. As outras duas eram simplesmente ridículas. Atores sem voz, direção confusa e errada. Errada sim. Gestos nervosos atores inseguros, realmente um show de como não se fazer teatro.

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O melhor da noite foi “Curta Passagem” com direção de Mario Bortolotto. Eu gostei, não adorei, mas gostei. Tinha uma proposta interessante, bons atores, em especial o rapaz que fazia “Hassan” tinha uma boa construção e um tonos legal. Mesmo assim alguns ainda esqueceram das vozes. Alguns momentos também a direção faltou refinar a ação. Mas no geral (e no contexto das Satyrianas, foi boa sim.)

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Satyrianas no domingo : Voltei desanimado para a festa, motivado a ver a peça de um amigo que só começaria às 4 da manhã. Cheguei meia noite e logo de cara na tenda do dramamix assisti uma boa ( essa realmente era muito interessante) bom texto direção e atuação amarradinhas. Interessante trabalho. “Dois pra lá, Dois pra cá”, de Mario Viana foi bem conduzida pela trilha, gostosa de se ver, quase um besteirol americano daqueles que tem sua importância não intelectual mas como um passa-tempo mesmo. O que para mim é realmente importante. Com direção de Flávio Faustinoni. Leve , uma direção realmente acertada, com um texto quase de televisivo ( no ritmo) mas com uma qualidade teatral. Um bonito trabalho.

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02h “Se eu pudesse, Eu te Matava!”. Texto de Alberto Guzik. Sou suspeito pra falar, sou fã , fui aluno e ainda pretendo ser. De estética interessante e direção simples. Realmente um pesquisa que valeu a pena ser observada. Um texto importante para quem faz teatro. Um texto bem trabalhado com todas as técnicas e ritmos necessários para prender um público. Não sei se concordo com o nu que estava meio chapado no palco, mas não senti que a platéia tenha estranhado, no geral, a peça foi o ponto alto da noite. O autor subiu ao palco e foi ovacionado. Um sucesso! Lindo texto, boa direção e atores que deram conta. Com Gilda Nomacce e Robson Catalunha no elenco, direção de Fábio Penna. O que eu realmente não gostei foram as quebras. Atriz saindo do palco, diretor invadindo a cena, não concordo com isso. Mas até aí isso é discutível.

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04h “Sistemas”. Texto e direção de Gustavo Goulart. No elenco Gustavo Goulart. e Chico Flávio. Texto interessante.Com alguns tempos legais e uma embocadura muito específica. Achei bem trabalhada a idéia de brincar com as palavras e ritmos e rimas. No entanto a direção em alguns momentos tira o foco da qualidade desse texto. Alguns momentos a direção toma ritmo (principalmente no começo). Chico Flávio em cena tem uma força curiosa, fazendo pouco e falando precisamente (cria do bom Brian Penido, Grupo TAPA.) rouba o foco com qualidade e unidade. Alguns problemas de volume e ritmo ficaram claros, mas isso é fácil de corrigir já que o mais difícil estava bem feito, a unidade dos atores o jogo cênico e a presença de palco estavam acontecendo legal. Foi uma boa surpresa. Fiquei feliz.

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Mas no geral eu esperava MUITO mais do evento. Valeu estar com os bons amigos que me acompanharam e outros que encontrei pela praça. Discutir cultura e arte com o bom Insi na praça vazia, não tem preço.